Os jovens têm certamente razão ao recusarem, por vezes, as
ideias ou a maneira de viver que as suas famílias querem impor-lhes. Mas isso
não significa que eles irão necessariamente descobrir por si próprios algo de
melhor, pois não basta desejarem-no para o conseguirem. Quando se é jovem, é muito
difícil encontrar o caminho sozinho, e ainda existe outro risco: ao rejeitarem
os seus pais, os jovens voltam-se para outras pessoas, por vezes adultos não
muito esclarecidos nem bem intencionados, que os fazem embarcar em perigosas
aventuras. Mesmo que os pais nem sempre estejam à altura do seu papel, mesmo que
eles se relacionem com os filhos de uma maneira inadequada e egoísta que os
asfixia, a maioria deles amam-nos e querem o bem deles, o que infelizmente não
acontece com muitos indivíduos que estão prontos a explorar a credulidade e a
ingenuidade dos adolescentes para satisfazerem as suas necessidades de
prestígio, de domínio ou de dinheiro.
Por isso, eu digo aos jovens: «Atenção! Procurai não vos
revoltardes contra os vossos pais e não vos apresseis a deixá-los, pensando que
ireis encontrar condições melhores longe deles, porque não foi sem razão que o
destino vos fez encarnar nessa família e não numa outra, vós tendes algo a
aprender, a compreender. Existe no Universo uma justiça, uma Inteligência
absoluta que, de acordo com os vossos méritos, determinou exactamente em que
condições deveríeis encarnar, em que época, em que país, em que família… É
inútil queixardes-vos, isso não mudará nada; tereis que aceitar a situação e
trabalhar, a fim de merecerdes melhores condições de existência na próxima
encarnação.
São muitas as pessoas a quem nós ouvimos lançar sobre os
pais a responsabilidade dos seus insucessos. Quando um homem diz: «O meu pai
era um ébrio e a minha mãe uma megera; eles batiam um no outro e também me
batiam a mim, privaram-me de alimentos e de vestuário, eu nem tinha livros para
ir à escola, por isso falhei na minha vida, a culpa foi dos meus pais», toda a gente
concorda e acha que ele não tem culpa e é uma vítima das péssimas condições em
que viveu na infância. Sim, aparentemente, os responsáveis são os pais, porque
no plano físico tem sempre que haver um responsável. Mas, na realidade, o
verdadeiro prevaricador foi esse mesmo homem que, pelas suas vidas passadas,
criou tais condições; é a si próprio que ele deve dirigir censuras, não aos
seus pais. Se o merecesse, teria encarnado numa família com pais mais
cuidadosos, que lhe teriam proporcionado as melhores condições.
Por isso, não estou de acordo com aqueles que justificam a
insolência e a grosseria dos jovens, alegando que eles são muito mais inteligentes
que os pais e que se vêem obrigados a desprezá-los e a fazer-lhes frente. É
verdade que, por vezes, se encontra crianças verdadeiramente excepcionais, mas
são casos extremamente raros; não é verdade que a maioria dos adolescentes
sejam génios com razões para se revoltarem contra pais excessivamente rudes.
E, além do mais, repito, se uma criança nasceu nesta ou
naquela família, alguma razão houve para isso; agora, que lá se encontra, é
demasiado tarde para julgar e criticar. Se ela é tão genial, por que razão veio
encarnar em tal família? Existem motivos. Compete a ela reflectir e
descobri-los. Se veio, foi justamente para fazer um estágio, porque tem coisas
a aprender, e, ao fazer esse estágio, deve aceitar os seus pais. Depois,
ver-se-á. A partir do momento em que veio parar àquela família, não deve
começar por rejeitá-la. Quando tiver dado provas da sua verdadeira
superioridade, poderá fazer o que quiser, mas antes, não.
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