segunda-feira, 4 de março de 2013

O SOL, INICIADOR DA CIVILIZAÇÃO

RUMO A UMA CIVILIZAÇÃO SOLAR



Capitulo 1 da coleção IZVOR 201


Quando o Sol nasce e se ergue, espalha a sua luz, o seu calor e a sua vida, e esta luz, este calor e esta vida é que incitam os homens a erguerem-se também para irem trabalhar. Uns vão para o escritório, para a fábrica ou para os campos, outros abrem as suas lojas. As crianças vão para a escola. As ruas ficam cheias de ruídos, de pessoas e de viaturas a circular... À tardinha, quando o Sol se põe, fecham-se as lojas, abandonam-se os escritórios, volta-se a casa, e depois... cama! É o Sol que marca o ritmo de vida dos seres e foi ele também o iniciador da cultura, da civilização.

Pergunta-se, por vezes, quem é que ensinou aos homens a escrita, a agricultura, o uso do fogo ou de certos utensílios, e nomeia-se talou tal pessoa, mas, na verdade, na origem de todas estas descobertas está o Sol. Direis que isto não é possível, que o Sol não é inteligente, que ele não tem cérebro para pensar nem boca para falar. Então, na vossa opinião, só são inteligentes os humanos ignorantes, e aquele que torna possível toda a vida existente na terra não é inteligente!...

Pois bem: foi o Sol que primeiro trouxe a ciência ao homem. Como? É muito simples de compreender. É porque o Sol nos dá a sua luz que nós podemos ver os objectos, as formas, os relevos, as cores, as distâncias. É graças a esta luz que podemos orientar-nos, observar, comparar, calcular. Sem luz, nenhuma ciência é possível. O que é que se pode conhecer na escuridão? Nada.

E agora, se eu perguntar quem trouxe a religião, alguns, que se julgam grandes filósofos, responder-me-ão que foi o medo, o medo dos humanos perante as forças da Natureza. Não, este ponto de vista é muito limitado. Foi o Sol quem criou a religião: ao dar o seu calor aos humanos, ele introduziu neles uma necessidade de se dilatarem, de amarem, de adorarem. No frio não pode haver amor. Mas aquecei alguém e ele abrir-se-á, sentir-se-á bem e começará a amar. Eis como apareceu a religião: graças ao calor. Esta religião pode começar por ser apenas o amor por um homem, uma mulher ou até um animal: um cão, um gato, um canário... Não importa, é um começo. Um dia, este amor elevar-se-á até ao Senhor do Universo.

Finalmente, foi também o Sol o iniciador da arte, porque ele traz a vida. A partir do momento em que um ser tem vida, começa a querer mexer-se, agir, exprimir-se, e surgem a dança, o canto, a pintura, a escultura. A arte começa com a vida. Observai as crianças: elas mexem-se, gritam, rabiscam... Os seus gritos são o começo da música; as suas garatujas são o começo da pintura; as suas pequenas modelagens são o começo da escultura; as suas casinhas de brincar são o começo da arquitectura; e todos os seus pequenos movimentos são o começo da dança. Sim, a arte começa com a vida, e a vida vem do Sol.

Como poderia um artista criar o que quer que fosse se o mundo estivesse mergulhado na escuridão? Onde iria ele buscar os seus modelos? Quem lhe daria a ideia dos movimentos, das formas, das cores? Eu já disse a certos pintores: «Vós pintais quadros, mas quem vos deu as cores? Fostes vós que as fabricastes? Não; através dos minerais e dos vegetais de que elas são extraídas, foi o Sol que vos deu essas cores. Já pensastes nisto?» Os pintores nunca dão graças ao Sol, que lhes forneceu as cores, e é mesmo muito raro representarem-no nos seus quadros.

Por ser ele que traz a luz, o calor e a vida, o Sol é, pois, o iniciador da ciência, da religião e da arte. Contudo, ele é o último a ser amado e respeitado pelos humanos. Pois eu sou o advogado do Sol, exijo a reabilitação do Sol! Estou indignado por ver como o tratam: erguem-se monumentos a impostores, e ao Sol, nada! Contudo, a primeira causa, a origem de todas as coisas, é ele. A Terra e os outros planetas saíram dele, foi ele quem os gerou. E por isso que a Terra contém os mesmos elementos que o Sol, mas no estado sólido, condensado. Os minerais, os metais, as pedras preciosas, as plantas, os gases, os corpos subtis ou espessos que se encontram no solo, na água, no ar e no plano etérico, provêm do Sol.

O ouro, por exemplo, que os humanos apreciam a tal ponto que, para o possuir, são capazes de cometer crimes... o ouro é uma formação do Sol. Porque da mesma forma que existem sobre a terra fábricas onde se elaboram todas as espécies de produtos e objectos, também sob a terra funcionam fábricas onde trabalham milhões de entidades, e são elas que, condensando a luz solar, fabricam o ouro.

Vós direis: «Mas como pode o ouro ser uma condensação da luz solar?» Para que fique mais claro, tomemos o caso das árvores. As árvores, sobretudo algumas delas, como os pinheiros, os abetos, os carvalhos, as nogueiras, mostram ser uma matéria extremamente compacta e dura, já que com elas se podem construir casas, barcos, etc... As árvores nascem da terra e por isso são consideradas uma formação da terra. Pois bem, é um erro: as árvores são feitas da luz do Sol. Pegai numa árvore, uma árvore enorme, e queimai-a: vereis que dela se escapam chamas, uma quantidade enorme de chamas, gases, em menor quantidade, e vapor de água, em quantidade ainda menor; no fim, fica no chão apenas um pequeno monte de cinzas: eis o que pertence à terra.

A árvore é feita de terra, água, ar e fogo, mas é o fogo, são os raios do Sol, que entram nela em maior proporção. Por conseguinte, uma árvore não é terra, mas luz solar condensada. Aliás, se fordes a algumas florestas como as que eu vi na Índia, no Ceilão, nos Estados Unidos, no Canadá ou na Suécia, podereis constatar que essas árvores, que representam biliões e biliões de toneladas, não fizeram baixar o nível do solo; se elas tivessem extraído da terra os elementos que as constituem, o nível do solo teria baixado várias dezenas ou centenas de metros. Eis mais uma prova de que a árvore é uma condensação da luz solar. E se as árvores conseguem captar e materializar assim os raios do Sol, por que razão certas entidades que trabalham sob a terra não poderiam fazer o mesmo para fabricar o ouro?... Sim, isto dá que pensar.

Conheci um dia um homem cuja maior paixão era encontrar ouro. Ele tinha arranjado toda a espécie de livros sobre tesouros, assim como sobre as práticas mágicas que permitem descobri-los. Durante um certo tempo, eu deixei-o andar, sem lhe dizer nada (evidentemente, ele não encontrava coisa nenhuma), e depois, um dia, perguntei-lhe: «Por que anda a fazer olhinhos bonitos à criada em vez de tentar conquistar a amizade da castelã?» Ele ficou indignado: «Eu? Mas eu sou casado, não faço olhinhos bonitos a ninguém! - Eu sei que é casado e que é um marido fiel, mas vejo que, apesar disso, está a tentar seduzir a criada.»

Ele continuava a não compreender. Então, eu expliquei-lhe: «Ora bem, o senhor procura ouro, mas ouro é apenas a criada. A castelã é a luz do Sol, cuja condensação nas entranhas da Terra deu o ouro. E quando a castelã vê que, em vez de tentar obter as suas graças, os seus sorrisos, o senhor persegue a sua criada, sente-se ofendida e fecha-lhe a porta. Daqui em diante, dirija-se directamente à castelã, à luz do Sol, faça o possível por amá-la, por compreendê-la, por atrair as suas graças, e, mais cedo ou mais tarde, o ouro virá. Por que não se dirige mais acima? Se for amigo do rei, todos os seus súbditos terão consideração por si. Mas se apenas ganhou a amizade do porteiro, ficará com o porteiro e os outros não o conhecerão.» Ele ficou estupefacto e disse: «Compreendi!». Mas eu não acredito, pois ele continuou a lançar olhares para a criada!

Não é só o ouro que é uma condensação da luz solar, também o são o carvão, o petróleo, a madeira e os materiais de que se faz toda a espécie de objectos. Tudo o que as indústrias fabricam, e até o vestuário que nós usamos, foi produzido pelo Sol. Toda a economia está baseada nos produtos do Sol, mas o Sol, esse, é esquecido. Despreza-se o criador para correr em busca das cascas, dos restos, das escórias das suas criações. Há, pois, algo de errado na compreensão dos humanos, e é isso a origem dos seus maiores males, porque, quando se abandona o essencial pelo secundário, o centro pela periferia, é inevitável dar com a cabeça nas paredes, e é o que lhes acontece. Por isso, agora é necessário que eles restituam o primeiro lugar àquele que é a causa de tudo: o Sol. A situação corrigir-se-á primeiro nas suas cabeças, em seguida na sociedade, e tudo irá muito melhor. Vós direis: «Mas como é que a maneira de considerar o Sol pode ter semelhantes consequências? É apenas um detalhe.» Sim, parece ser apenas um detalhe, mas, com o tempo, esta inversão de valores acabou por acarretar consequências extremamente graves e complicadas em todos os domínios da vida.

Basta reflectir um pouco para compreender que o Sol está na origem de tudo o que existe na Terra. Pedi para ele vos explicar como meditou e trabalhou para fazer viver os humanos, como lhes preparou condições favoráveis de atmosfera, de temperatura... como doseou a luz e o calor para que a vida aparecesse. Em primeiro lugar, foram os vegetais, depois os peixes, os pássaros, os mamíferos e, finalmente, o homem. Foi o Sol que preparou tudo para que nascessem uma cultura e uma civilização. Foi ainda o Sol o primeiro agrónomo, visto que dele depende a distribuição da vegetação e também o seu crescimento e o seu desenvolvimento. É ele quem faz a miséria ou a riqueza, a fome ou a abundância.

Quando eu cheguei a França, em 1937, disse que, no futuro, a humanidade deixaria de utilizar madeira, o carvão e o petróleo para produzir energia, e utilizaria unicamente os raios solares. É evidente que, nessa época, não acreditaram em mim, mas agora começam a dar-me razão, pois cada vez mais se percebe que as fontes de energia utilizadas actualmente estarão esgotadas em breve e será necessário recorrer as energias de natureza mais subtil, que são, essas sim, inesgotáveis. No futuro, será graças à energia solar que nos iluminaremos, que nos aqueceremos, que viajaremos... Alimentar-nos-emos, até, da luz do Sol.

Sem a vida do Sol, nunca teria sido possível os homens existirem, agirem, trabalharem. Sem o seu calor, eles não poderiam ter vivido sensações. Sem a sua luz, eles nunca teriam podido ver, e não só ver, mas compreender, uma vez que a compreensão não é mais do que uma visão superior, no domínio intelectual. Quanto ao seu calor, foi ele que suscitou tudo o que é do domínio do coração: os contactos, as trocas, o amor, a amizade. É ele que está na origem do casamento, da família, da sociedade e de todas as formas de colectividade. Se fordes frios, as pessoas não vos amarão, afastar-se-ão, mas, se fordes calorosos, elas virão aquecer-se junto de vós e ficar-vos-ão reconhecidas por esse calor. É o calor que aproxima os seres, que lhes dá a capacidade de sentir, de se comover, de se maravilhar, de orar... É, pois, o calor do Sol que está na origem da moral e da religião.

É claro que, se disserdes isso aos cristãos, eles ficarão indignados, porque não vêem a importância do Sol: para eles, o essencial é a missa. Então, eu pergunto-lhes: «Mas, se o Sol não existisse, como se faria a missa? Quem poderia dizer a missa na escuridão e no frio? Onde se encontrariam o pão e o vinho para a comunhão?» Eu não quero diminuir o valor da missa; dir-vos-ei mesmo, francamente, que conheço a esse respeito mais coisas do que a maior parte dos padres. Eles aprenderam a dizer a missa, mas não conhecem o seu sentido profundo, mágico. Eu conheço-o e é por isso que tenho pela missa um respeito muito maior do que os próprios cristãos. No entanto, pergunto-lhes: «Sem o Sol, quem diria a missa?... E quem assistiria a essa missa?» Como podeis ver, eles não reflectem.

E se agora eu vos disser que foi a luz do Sol que, trabalhando sobre o nosso corpo físico, formou os nossos olhos, também não acreditareis em mim. Contudo, é verdade, foi o Sol que criou os nossos olhos. Porquê? Para ser visto... E, através do seu calor, ele trabalhou sobre o nosso corpo para criar os órgãos da sensação: o coração, a boca e, sobretudo, a pele, o tacto. Ele achou que a sensibilidade à luz devia ser limitada somente aos olhos, mas que o calor devia ser sentido em toda a superfície do corpo. Reparai na diferença... É interessante, não é?

O Sol dirige tudo no Universo; é como um chefe de orquestra, como um rei no seu trono. Quando ele toma uma decisão, dá somente um sinal e todos os espíritos que ele enviou aqui para a Terra, ou para outros planetas, apressam-se a executar as suas ordens: modificam algo na atmosfera, nas correntes electromagnéticas, e daí advêm modificações de toda a espécie nos reinos vegetal, animal e humano, nos domínios biológico, psicológico, económico e social. Tudo o que acontece na Terra é comandado pelo Sol: as erupções ou as manchas solares nada mais são do que sinais que ele dá a toda uma hierarquia de inteligências encarregadas de executar as suas ordens.

Um dia, a ciência aceitará as minhas ideias, é impossível ela não seguir este caminho. Por isso, eu digo agora aos homens da ciência: «Abandonai tudo o que estudais nos vossos laboratórios e ocupai-vos do Sol. Tudo está no Sol: a saúde, a riqueza e a felicidade da humanidade.» Vós direis que alguns astrónomos e físicos estudam o Sol... Sim, eu sei, estou ao corrente das pesquisas realizadas pelos cientistas em todos os países, e particularmente nos Estados Unidos e na U.R.S.S.(O presente texto foi extraído de uma conferencia proferida antes do desmembramento da ex-União Soviética) Porém, quando reprovo à ciência o facto de não se ocupar do Sol, quero dizer que ela ainda não estudou verdadeiramente o que é a luz solar e, sobretudo, como o homem pode trabalhar com ela, fazê-la penetrar nele, para se purificar, para se reforçar, para se regenerar. Sim, porque os raios do Sol, que penetram nas profundezas dos oceanos (o que permite a certos peixes, especialmente equipados para captá-los, difundir luz), podem também penetrar em nós e, se soubermos como recebê-los, podem pôr em marcha certos centros, iluminar certas lâmpadas que existem em nós desde sempre. Para mim, como já vos disse, os raios do Sol são como vagões cheios de víveres, isto é, de elementos e de energias de que o homem pode servir-se à vontade para o seu desenvolvimento físico e psíquico. Tudo aquilo de que o homem tem necessidade está contido no Sol. Eis um domínio imenso para explorar ...

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